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DISCURSO de Giorgos Marinos, membro da Bureau Político do CC do KKE
no 18º Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários no Vietname sobre o tema:
«A crise capitalista e a ofensiva imperialista – Táticas e estratégia dos Partidos Comunistas e Operários na luta pela paz, os direitos operários e populares, pelo socialismo
Estimados camaradas:
A crise capitalista internacional sincronizada de sobreacumulação de capital que se manifestou em 2008-2009 ainda deixa a sua marca nos acontecimentos e as suas causas encontram-se na propriedade capitalista dos meios de produção, no espírito de lucro que é a força motriz do crescimento desordenado, na agudização da contradição fundamental entre o caráter social da produção e do trabalho e a apropriação capitalista dos seus resultados.
As forças burguesas e oportunistas nada dizem sobre as verdadeiras causas, por exemplo a gestão liberal, os bancos e os banqueiros, lançando a confusão, fomentando ilusões sobre a possibilidade de uma gestão do capitalismo favorável ao povo.
Na realidade, independentemente de a forma como se manifesta, a crise está ligada às perturbações no sistema banqueiro-financeiro, a «bolhas» e outros fenómenos idênticos, a crise nasce no processo de produção no campo da exploração do trabalho assalariado pelo capital.
As cúpulas das organizações imperialistas estão de novo inquietas. A máquina capitalista não está a avançar, os estudos da burguesia estão a rever em baixa as taxas de crescimento, a crise continua nos países de posição intermédia no sistema imperialista, como a Grécia, assim como em países mais fortes como a Rússia e o Brasil. Observa-se uma estagnação na UE e na zona euro e uma desaceleração de economia chinesa.
As estimativas para o próximo período têm em conta o impacto das organizações e das guerras imperialistas, a problemática situação das instituições financeiras (Deutsche Bank, bancos italianos, etc.), as consequências do Brexit.
Nestas condições, a análise dos comunistas sobre as verdadeiras causas da crise, assim como o caráter de classe do desenvolvimento capitalista adquire grande importância para a preparação do movimento operário e popular, para o fortalecimento da luta de classes, para que a classe operária entenda a importância da organização socialista da produção, que é o único caminho para erradicar as causas da crise e a exploração capitalista.
Estimados camaradas:
A crise capitalista internacional sincronizada de sobreacumulação de capital que se manifestou em 2008-2009 ainda deixa a sua marca nos acontecimentos e as suas causas encontram-se na propriedade capitalista dos meios de produção, no espírito de lucro que é a força motriz do crescimento desordenado, na agudização da contradição fundamental entre o caráter social da produção e do trabalho e a apropriação capitalista dos seus resultados.
As forças burguesas e oportunistas nada dizem sobre as verdadeiras causas, por exemplo a gestão liberal, os bancos e os banqueiros, lançando a confusão, fomentando ilusões sobre a possibilidade de uma gestão do capitalismo favorável ao povo.
Na realidade, independentemente de a forma como se manifesta, a crise está ligada às perturbações no sistema banqueiro-financeiro, a «bolhas» e outros fenómenos idênticos, a crise nasce no processo de produção no campo da exploração do trabalho assalariado pelo capital.
As cúpulas das organizações imperialistas estão de novo inquietas. A máquina capitalista não está a avançar, os estudos da burguesia estão a rever em baixa as taxas de crescimento, a crise continua nos países de posição intermédia no sistema imperialista, como a Grécia, assim como em países mais fortes como a Rússia e o Brasil. Observa-se uma estagnação na UE e na zona euro e uma desaceleração de economia chinesa.
As estimativas para o próximo período têm em conta o impacto das organizações e das guerras imperialistas, a problemática situação das instituições financeiras (Deutsche Bank, bancos italianos, etc.), as consequências do Brexit.
Nestas condições, a análise dos comunistas sobre as verdadeiras causas da crise, assim como o caráter de classe do desenvolvimento capitalista adquire grande importância para a preparação do movimento operário e popular, para o fortalecimento da luta de classes, para que a classe operária entenda a importância da organização socialista da produção, que é o único caminho para erradicar as causas da crise e a exploração capitalista.
Estimados Camaradas
No nosso país, a crise capitalista (2009-2016) é profunda e prolongada, e ao longo do seu decurso foi implementada a política de gestão de todos os governos burgueses, que em cooperação com a União Europeia (UE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), conhecidos como a Troika, colocaram todo o esforço da crise sobre a classe operária e as camadas populares, promovendo uma estratégia de aumento da concorrência e da rentabilidade das grandes empresas.
O partido liberal da ND e o PASOK implementaram os memorandos com medidas antipopulares muito duras, que provocaram uma forte indignação do povo. Num campo de pobreza e de altas taxas de emprego, cresceram as ilusões sobre a opção do «mal menor» e as falsas expectativas fomentadas por SYRIZA, um partido oportunista com etiqueta de «esquerda», que é uma «mescla» de renegados do movimento comunista e de quadros do social-democrata PASOK, que formou governo com o partido nacionalista ANEL (Gregos Independentes).
O SYRIZA subiu ao governo em janeiro de 2015 com o apoio de sectores poderosos do grande capital, e demonstrou na prática que se trata de um partido social-democrata que serve os interesses dos monopólios, aplica uma política antipopular muito dura, utiliza todos os meios ao seu alcance para enganar o nosso povo e apresenta-se no estrangeiro como uma força de resistência, para desorientar os povos com as suas falsas consignas.
O governo SYRIZA-ANEL com o apoio dos restantes partidos burgueses aprovou o terceiro memorando com o qual implementa a estratégia do capital, as reestruturações capitalistas reacionárias da UE e tem como objetivo a intensificação da taxa de exploração da classe operária, a destruição do campesinato, a falência das camadas médias urbanas.
Recentemente, o governo apoiou através do parlamento duras leis antipopulares, desmantelando direitos operários e populares, a fim de passar na avaliação da Troika ao terceiro memorando.
Atacou o caráter social da segurança social, reduziu drasticamente as pensões e aumentou a idade da reforma.
Impôs ao povo novos e insuportáveis impostos, diretos e indiretos.
Privatizou portos, aeroportos e procede à privatização de empresas de importância estratégica em matéria de energia, água, etc.
Segue o caminho traçado pelos governos anteriores, mantém as leis que aboliram os convénios coletivos e reduziram drasticamente os salários, promove medidas para abolir os direitos laborais, reforça as formas de trabalho flexíveis, utiliza a repressão contra as lutas operárias.
O desemprego é superior a 25% e entre os jovens superior a 50%; em vez de apoiar os desempregados, proporciona aos empresários maiores lucros.
Por estes dias, no quadro da avaliação do terceiro memorando, está a preparar-se para impor novas e duras medidas contra os trabalhadores, despedimentos massivos, encerramentos por parte dos patrões, restrições ao direito à greve, etc.
A política de classe do governo SYRIZA-ANEL implica o financiamento das grandes empresas, novas isenções de impostos para o grande capital, etc. Neste período, utiliza o desenvolvimento capitalista «justo» como uma ferramenta de desorientação do povo.
É possível que haja um crescimento económico débil, mas na essência este crescimento será antipopular, terá como critério o aumento dos lucros dos monopólios, basear-se-á na destruição de direitos e criará as condições para uma nova crise económica.
Destaque-se, que as diretivas e as medidas antipopulares implementadas na Grécia através dos memorandos são parte da estratégia antipopular mais geral da União Europeia e aplicam-se a todos os países da Europa, independentemente de se impuseram um memorando ou não, independentemente de serem governados por partidos liberais ou social-democratas.
A propaganda burguesa sobre os «Acervo Europeu» foi refutada pela realidade capitalista do grande desemprego e da pobreza, da intensificação do trabalho, etc.
A política externa do governo SYRIZA-ANEL é muito perigosa. Promove os interesses dos monopolistas enredando sistematicamente o país nos planos imperialistas, através da política de «Fortalecimento Geoestratégico da Grécia».
Oferece bases militares para as necessidades agressivas dos EUA e da NATO na sua guerra contra a Síria, a Líbia e o Iraque, mantém forças militares em missões imperialistas no estrangeiro, desenvolve uma ampla cooperação militar com Israel, convidou forças da NATO para o mar Egeu, participa na implementação das recentes e muito perigosas resoluções da Cimeira da NATO em Varsóvia.
As guerras imperialistas arrancam milhões de refugiados das suas terras, tiram-nas dos seus países, atolam milhares de pessoas perseguidas na Grécia, onde vivem em condições miseráveis, quando o seu destino são outros países europeus. Nestas condições, o KKE tem uma postura de princípios internacionalistas, luta contra as guerras imperialistas, condena as políticas repressivas da União Europeia, está ao lado dos refugiados e dos imigrantes, contribui para a organização da solidariedade popular, enfrenta o racismo e a xenofobia, contra a criminosa organização fascista do «Aurora Dourada».
Com base na experiência da política antipopular do SYRIZA, confirmou-se de novo que os chamados governos de esquerda social-democratas foram escolhidos pelo capital para fazer o «trabalho sujo», para promover a política que serve os interesses dos monopólios e para integrar nos seus objetivos o movimento operário e popular.
O exemplo do SYRIZA e muitos outros demonstraram que os chamados «governos de esquerda» são mecanismos de gestão e de reprodução da exploração capitalista, fomentam ilusões de que é possível humanizar o capitalismo, e a perigosa espectativa de que em capitalismo se podem resolver os problemas do povo e satisfazer as suas necessidades.
A experiência demonstrou que estes governos impedem o verdadeiro radicalismo da classe operária, que com a sua fracassada política antipopular perante os olhos dos povos reforçam os pontos de vista de que «todos são iguais», de que a sua política fortalece as forças conservadoras e dá lugar ao regresso dos governos de direita.
O exemplo dos «governos de esquerda» na Europa e em países da América Latina confirmam esta avaliação.
Os partidos comunistas que participam ou apoiam governos de gestão burguesa oferecem um alibi aos social-democratas. A sua postura serve muita vez para envolver a classe operária na gestão capitalista, o que reduz os anseios dos povos e atrasa a luta anticapitalista.
Os partidos comunistas que apoiaram ou continuam a apoiar o SYRIZA assumem graves responsabilidades. A sua postura é utilizada contra o nosso povo, dirige-se contra a luta do KKE e do movimento de classe.
O KKE sempre foi fiel ao princípio do internacionalismo proletário de forma muito responsável. Apoia as lutas da classe operária contra o capital e o capitalismo. Expressa a sua solidariedade internacionalista com os povos da América Latina, da Ásia, de África, com os povos de todo o mundo.
Hoje podemos extrair significativas conclusões sobre a postura de princípios do KKE, deixando a descoberto o papel da nova social-democracia, destacando quão perigosa é a participação de um partido comunista num governo de gestão burguesa.
O KKE está na primeira linha de uma dura luta e todos os dias procura fortalecer os seus laços com a classe operária, os camponeses pobres, os trabalhadores autónomos da cidade, as mulheres e os jovens das famílias populares.
As organizações populares do Partido, as organizações da Juventude Comunista (KNE) levam a cabo uma atividade ideológica e política constante, travam batalhas nas fábricas, nos locais de trabalho e nos bairros populares para organizar a luta operária e popular. Centram-se sobretudo na criação de organizações partidárias nas fábricas, nos sectores estratégicos da economia. Confrontam as suas debilidades e deficiências.
As forças do partido, os amigos do partido, a KNE e os seus amigos organizaram ao longo deste ano centenas de eventos de massas de preparação do 100º aniversário do KKE em 1918, levaram a cabo eventos muito importantes de comemoração do 70º aniversário da fundação do «Exército Democrático da Grécia» (DSE) e da sua heroica luta, durante o confronto com a burguesia, contra o imperialismo britânico e estadounidense durante a guerra civil, na majestosa luta armada de 1946-1949.
Os comunistas apoiam as lutas da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), do movimento de orientação de classe em que participam dezenas de Federações, Centrais Regionais de Trabalho, centenas de sindicatos e comités de luta, milhares de sindicalistas.
Tem particular importância a iniciativa das forças de classe, através das quais centenas de organizações sindicais organizam a sua luta para a abolição das medidas anti operárias, para as convenções coletivas de trabalho satisfatórias, para a recuperação das perdas que sofreram os trabalhadores durante a crise.
Os comunistas desempenham um papel dirigente na luta dos pequenos e médios camponeses, dos trabalhadores autónomos da cidade, dos jovens e das mulheres.
Uma questão básica é que a luta ideológica, política e de massas aponte contra o verdadeiro inimigo, isto é, a burguesia e o seu estado e não se limite aos partidos e governos burgueses, que contribua para o desenvolvimento da consciência de classe.
Através da luta quotidiana, das greves, dos protestos das ocupações das dezenas de mobilizações multiformes, o movimento de classe dá passos na organização da classe operária. Contribui para o crescimento do nível de exigência dos trabalhadores para o fortalecimento da frente contra o capital e a política antipopular do governo e das demais forças burguesas, e para que se reforce o confronto contra o sindicalismo patronal e governamental e a ideia perigosa do consenso colaboração de classes entre exploradores e explorados.
Os comunistas luta pelo reagrupamento do movimento operário, para fortalecer a linha da luta de classes, para que os sindicatos sejam massivos, com fortes bases nos locais de trabalho, para que se fortaleça a linha de luta com direção e questões ligadas às necessidades populares e operárias contemporâneas, para alterar a correlação de forças.
Um movimento operário forte será o coração de uma grande aliança popular social da classe operária, do médio e pequeno campesinato, dos trabalhadores autónomos urbanos. Uma aliança que reunirá e mobilizará forças organizadas, intervirá de forma decisiva na luta quotidiana em direção antimonopolista-anticapitalista, com vista ao derrube da barbárie capitalista e à conquista do poder operário.
O povo grego libertar-se-á das cadeias da exploração capitalista e das uniões imperialistas de uma vez por todas, somente quando a classe operária com os seus aliados leve a cabo a revolução socialista e avance na construção do socialismo-comunismo.
A mudança revolucionária na Grécia será socialista. Isto é objetivamente necessário. Atualmente, a correlação de foças negativa e o atraso do fator subjetivo não mudam o caráter da revolução.
As forças motrizes da revolução socialista serão a classe operária, como força dirigente, os semiproletários, as camadas populares oprimidas dos trabalhadores autónomos da cidade e os camponeses pobres.
O KKE em condições não revolucionárias dedica as suas forças à preparação do fator subjetivo com o fim de responder às suas tarefas históricas quando se cria uma situação revolucionária – os «de baixo» não querem e os de «cima» não podem continuar a viver como antes, etc.
As noções (no movimento comunista internacional) que subestimam a luta antimonopolista-anticapitalista e a necessidade da plena preparação para o derrube do poder do capital, não tomam em consideração a possibilidade de agudização dos acontecimentos e de manifestação de uma situação revolucionária que, como fenómeno objetivo, pode criar-se nas condições de crise capitalista e de guerra imperialista.
Há que tirar ensinamentos da experiência histórica que salienta que os partidos comunistas não se sentiram preparados nas condições de escalada da luta de classes e não puderam cumprir com as suas tarefas históricas.
Estimados camaradas:
É sabido que o movimento comunista passa por uma crise ideológica, política e organizativa, e que é profundamente afetado pela contrarrevolução e por uma forte influência do oportunismo nas suas fileiras.
Depois da restauração do capitalismo na União Soviética e nos estados da construção socialista na Europa Oriental e Central, o predomínio das relações capitalistas de produção na China, o fortalecimento das relações capitalistas no Vietname e em Cuba, as condições da República Popular da Coreia, a situação do movimento comunista internacional deteriorou-se.
Nestas condições, a luta pelo reagrupamento do movimento comunista internacional é uma tarefa de importância decisiva e o KKE considera necessário abrir uma discussão essencial sobre os graves problemas da estratégia e tática, considerando que qualquer demora agrava a situação e entranha graves perigos.
Em primeiro lugar, os comunistas devem centrar a sua atenção na questão do imperialismo já que é um tema de discussão mais geral.
Segundo a tese leninista, o imperialismo é a fase superior do capitalismo, em que predominam os monopólios e o capital financeiro, e a exportação de capitais é de particular importância. Neste quadro, eleva-se uma luta entre os diversos monopólios e estados capitalistas para a partilha dos mercados.
A tese que limita o imperialismo à política externa dos EUA e à de outros estados capitalistas poderosos, não tem em consideração a base económica do sistema nos nossos dias, os monopólios, as grandes empresas acionistas que se desenvolveram em todos os países.
Consideramos que esta tese não tem uma visão global do sistema imperialista (capitalista), tal como ele está, com os estados capitalistas como escalões diferentes entre si e que por causa da sua desigualdade têm posições diferentes no sistema, de acordo com a sua força económica, militar e política.
Em segundo lugar, tratámos a questão do caráter da nossa época e do caráter da revolução. Esta questão é de extrema importância.
Estamos no século XXI; o poder burguês derrubou o feudalismo há muitos séculos. O capitalismo desenvolveu-se e a base imperialista levou a uma grande socialização da produção e do trabalho de cujos frutos a burguesia desfruta.
As grandes empresas monopolistas têm bases e sucursais em todo o globo; desenvolveram-se as ciências, a tecnologia, a infraestrutura multiforme, os meios de transporte, etc.
Indubitavelmente, amadureceram as condições materiais que determinam o caráter da nossa época como a época da transição do capitalismo ao socialismo, que hoje se tornou mais necessário e vigente que nunca, para a classe operária, para as camadas populares, para o futuro dos jovens.
A Grande Revolução Socialista de Outubro, que terá seu 100º aniversário em 1917, mostra qual o caminho. Esta Revolução Socialista no princípio do século XX num país agrícola atrasado onde o desenvolvimento do capitalismo criou as condições materiais para a construção da nova sociedade socialista, deu um impulso ao desenvolvimento das forças produtivas.
A contrarrevolução e a mudança negativa na correlação de forças não invalidam o facto de o socialismo ter sido construído nem tampouco anulam o caráter da nossa época, inaugurada pela Revolução de Outubro como época de transição do capitalismo ao socialismo. As condições que põem em relevo o esgotamento dos limites históricos do capitalismo (crises, guerras, desemprego, pobreza, etc.) intensificaram-se e o caráter socialista da revolução expressa a urgente necessidade de resolver a contradição básica do sistema entre o capital e o trabalho assalariado.
O capitalismo deu à luz o seu próprio coveiro; a classe operária é a classe dirigente da sociedade e o caráter da revolução como socialista coloca a questão desta classe reclamar e conquistar o poder.
Em muitas ocasiões faz-se referência à tese de Lenine sobre «a ditadura democrática revolucionária do proletariado e dos camponeses» para corroborar a antiquada posição das etapas intermédias, mas há que deixar bem claro que esta posição corresponde às condições da Rússia czarista, durante a Revolução de 1905, enquanto que depois do derrube da autocracia o partido bolchevique seguiu em frente e trabalhou nos sovietes com o objetivo de conquista através da revolução o poder operário, a ditadura do proletariado (Teses de Abril, 1917).
Por conseguinte, a celebração do 100º aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro deve impulsionar o estudo da estratégia dos partidos comunistas que se adapte às necessidades da nossa época, a direção leninista que expressou a força da Revolução bolchevique e destacou que, «a abolição do capitalismo e dos seus vestígios e o estabelecimento das bases na nova ordem de classe comunista constituem o conteúdo da nova época da história universal que agora começa.
Em terceiro lugar, os estados capitalistas participam em alianças imperialistas para servir de forma eficaz os interesses das classes burguesas no antagonismo internacional, para fortalecer o poder do capital e confrontar o movimento operário de forma coordenada.
Estas alianças interestatais não podem negar a organização na base do estado-nação ou das contradições interimperialista que se manifestam, inclusive dentro da própria aliança, já que cada estado imperialista funciona na base dos interesses dos seus próprios monopólios.
O KKE tem muita experiência na luta contra a NATO, o braço armado do imperialismo contra os povos.
O nosso partido leva anos a lutar contra a União Europeia, a aliança interestatal imperialista que expressa os interesses dos grupos monopolistas europeus, contra a classe operária, contra o campesinato pobre e as restantes camadas populares da Europa que releva as forças da social-democracia e do oportunismo que embelezam o caráter imperialista da União Europeia, tal como faz o Partido da Esquerda Europeia (PEE).
O KKE, a propósito do referendo na Grã-Bretanha e o Brexit, apresentou as suas posições que destacam as contradições internas da União Europeia, a desigualdade das suas economias e a luta entre os centros imperialistas que se agudizaram nas condições de recessão económica.
As posições que apontam como solução a mudança de moeda ou a saída da UE no quadro do capitalismo, objetivamente, nada podem oferecer aos interesses operários e populares. Pelo contrário, conduzem à perpetuação do regime de exploração do homem pelo homem; o poder continua nas mãos da burguesia, os meios de produção continuam propriedade capitalista.
O nosso partido considera que a necessidade de condenar a UE e a NATO, a luta por desligar o país dos organismos imperialistas para que seja eficaz deve estar ligada com o necessário derrube do poder do capital, deve estar ligada com o poder operário e popular. A aliança da classe operária e das demais camadas populares, o reagrupamento e o fortalecimento do movimento comunista internacional é uma condição para que se abra o caminho da esperança.
Nas atuais condições, as alianças interestatais não se limitam à NATO e à UE.
Junto a estas há outras, como por exemplo o grupo BRICS, a Organização de Cooperação de Shangai, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, as uniões interestatais da América Latina, etc. As diferenças existentes derivam da posição que ocupam os estados capitalistas no sistema imperialista e dos objetivos das classes burguesas. No entanto, há uma base comum e está determinada pelo facto de estas alianças interestatais serem participadas por estados capitalistas que representam os interesses dos monopólios.
Esta é a base das contradições na UE ou entre os EUA e a UE, como o demonstra uma série de acontecimentos, como a gestão da crise capitalista e da dívida, as negociações sobre a Associação Transatlântica de Comércio e Investimento, que é dirigido contra os povos, etc., ou inclusivamente as contradições que se manifestam na região da Ásia e do Pacífico.
O nosso partido acompanha com muita atenção os acontecimentos do Mar do Sul da China, uma região que é um passo importante nas lutas marítimas internacionais, rica em pesca e recursos energéticos. Grandes interesses monopolistas, tanto da dita região como de outras mais longínquas (como mostra a contínua implicação dos EUA e o seu «interesse») colocaram a sua atenção na exploração destes grandes recursos. O nosso partido considera que as questões de diferenças territoriais entre os estados (p. ex. sobre o estabelecimento das Zonas Económicas Exclusivas, etc.), inclusive com a intervenção dos movimentos populares, deveriam resolver-se de forma pacífica, na base do direito internacional do mar, através de negociações e decisões multilaterais, sempre que haja vários países envolvidos no assunto.
Nos últimos anos tem-se falado do «mundo multipolar» como um desenvolvimento favorável ao povo, mas este tema deve ser examinado com mais cuidado porque, na essência, ele é composto de «polos» capitalistas que se formam para promover os interesses dos grandes grupos monopolistas e expressam as contradições interimperialistas.
A tarefa dos partidos comunistas é estarem na primeira linha e abrir o caminho para que os povos não se ponham atrás das bandeiras de nenhuma burguesia, de nenhuma aliança imperialista, mas que desenvolvam a sua luta na base dos seus próprios interesses e necessidades.
Em quarto lugar, os últimos anos estão marcados pelas intervenções e as guerras da NATO, dos EUA e da UE na Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria, na Ucrânia, em países africanos.
Um traço caraterístico das intervenções e das guerras imperialista é o recurso a uma série de pretextos entre os que destacam a luta contra o terrorismo, a confrontação da organização terrorista do Estado Islâmico e de organizações similares que são criações imperialistas e foram apoiadas pelos EUA, poderosos estados da UE, Turquia, Catar e Arábia Saudita para promoveram os seus interesses no Médio Oriente, na África do Norte e mais amplamente nesta região.
A nossa tarefa é destacar as verdadeiras causas das guerras que se encontram nas contradições e dos antagonismos interimperialistas em todo o planeta, entre os EUA, a NATO, a UE, a Rússia, a China e outros estados capitalistas, sobre os recursos energéticos e as rotas de transporte, as regiões de importância estratégica, as rotas marítimas e o controlo dos mercados.
No Médio Oriente, África do Norte, região do Sahel, Mar Cáspio, Golfo Pérsico, Balcãs, Mar Negro, Mar do Sul da China e Ártico são zonas de contradições imperialistas de particular importância.
A NATO transfere forças militares e instala bases militares em países da Europa de Leste e Central. A Roménia e a Polónia são centros de instalação do sistema de misseis dos EUA apontados contra a Rússia, enquanto mais de 60% das forças navais do EUA são transferidas para o Pacífico.
Aumenta o perigo de conflitos regionais generalizados e, inclusive, preocupa-nos a possibilidade de uma guerra imperialista generalizada.
O movimento comunista tem tarefas importantes e tem que ampliar a discussão sobre a postura dos comunistas acerca das guerras imperialistas, determinar os critérios e o papel significativo das guerras revolucionárias justas.
Por seu lado, o KKE contribuiu para a organização das lutas contra as intervenções e as guerras imperialistas, contra a implicação dos governos gregos, para o regresso das forças militares gregas das missões imperialistas, para o encerramento das bases euro-atlânticas.
O nosso partido considera que, do ponto de vista da classe operária e das camadas populares, a luta pela defesa das fronteiras, dos direitos soberanos da Grécia estão indissoluvelmente ligados à luta pelo derrube do capital. Qualquer que seja a forma de participação da Grécia numa guerra imperialista, o KKE deve estar preparado para dirigir a organização independente da resistência operária e popular e liga-la com a luta para a derrota da burguesia nacional e estrangeira como invasor.
Em quinto lugar, o KKE no âmbito do longo estudo sobre a análise das causas e dos fatores que levaram ao derrube do socialismo avaliou que a contrarrevolução na URSS se deu no «interior e a partir de cima», como consequência da mutação oportunista do movimento comunista e da respetiva direção política do poder soviético, num ambiente de múltiplas intervenções do imperialismo, o que levou ao crescimento do oportunismo e ao seu desenvolvimento como força contrarrevolucionária.
O derrube do socialismo estava ligado à utilização de ferramentas capitalistas para enfrentar problemas que surgiam na construção do socialismo.
A construção do socialismo inicia-se com a conquista revolucionária do poder pela classe operária, e o de construção comunista cria-se através da socialização dos meios de produção concentrados, da Planificação Central, da formação de instituições de controlo operário.
A luta da classe operária continua em condições diferentes e com formas diferentes, tanto no período em que se assentam as bases da nova sociedade, tal como durante o desenvolvimento do socialismo, numa luta constante para a abolição de todas as formas de propriedade privada e de grupo, para a ampliação da propriedade social e o fortalecimento da planificação central, das relações de produção comunistas.
Estamos firmemente convencidos que as posições sobre os diversos «modelos socialistas» em nome das particularidades nacionais não se baseiam nos princípios do socialismo científico e nas leis da construção socialista.
Infelizmente, isto não tem apena que ver com o panorama pequeno-burguês e social-democrata do chamado socialismo do século XXI que fomenta ilusões de que o capitalismo se pode humanizar, e perpétua o poder burguês e a exploração capitalista, como o demonstram os acontecimentos da América Latina, por exemplo.
O problema é mais profundo.
Procura-se substituir a necessidade da revolução socialista pela via parlamentar burguesa, através da gestão dos «governos de esquerda». A socialização dos meios de produção substitui-se pelo sistema económico misto com empresas capitalistas, enquanto a planificação central se substitui pela intervenção estatal para a regulação do mercado capitalista.
Estas posições não têm que ver com os restos do antigo sistema (capitalista) na nova economia socialista nem tampouco com a pequena produção de mercadorias que pode continuar a existir durante um certo período (e constitui uma força de manutenção ou de reaparecimento do capitalismo). Estão relacionadas com uma linha política específica que se afasta das leis do socialismo, tendo como ponta de lança a perigosa posição de que se pode construir o socialismo com a presença de empresas capitalistas e de capital, o que constitui uma relação social de exploração.
Estimados camaradas:
A Grande Revolução Socialista de Outubro é um feito histórico, uma magnífica criação da classe operária, da luta de classes.
O Socialismo que se construiu no século XX, apesar das suas debilidades, dos erros, da influência e dos desvios oportunistas carateriza-se pelo feito histórico da abolição da exploração do homem pelo homem, graças ao der operário, à socialização dos meios de produção, à planificação central e ao controlo operário, à participação de milhões de trabalhadores na construção da nova sociedade.
As principais vantagens do socialismo são a abolição do desemprego e a salvaguarda planificada do trabalho para todos, aos serviços de cuidados de saúde e educação de alto nível gratuitos, ao desenvolvimento da cultura popular e dos desportos, a igualdade das mulheres, a convivência de diferentes nacionalidades, o apoio à luta dos povos contra a agressividade e as guerras imperialistas, a abolição do colonialismo e muito mais.
O poder operário na União Soviética e os sacrifícios do povo soviético deixam a sua marca na vitória contra o eixo fascista na Segunda Guerra Mundial.
O contributo histórico do socialismo no progresso social bem como as verdadeiras causas que levaram ao seu derrube devem motivar os partidos comunistas, os comunistas de todo o mundo com o objetivo de elevar o nível de exigência e responder de forma decisiva contra as forças reacionárias anticomunistas e o oportunismo que apoiaram e aplaudiram a contrarrevolução, tal como fizeram as forças que em coerência fundaram o Partido da Esquerda Europeia (PEE) e outras estruturas idênticas.
Os comunistas acreditam na força da classe operária, na luta de classes que é a força motriz do progresso social. O caráter internacional da luta de classes requere os maiores esforços possíveis para criar as bases para conquistar a unidade programática e ideológica e uma estratégia revolucionária unificada em conflito com o capital, com o sistema de exploração, com o oportunismo.
As dificuldades da nossa luta são grandes; a pressão burguesa e oportunista é muito forte, mas os comunistas devem mostrar uma grande resistência e determinação na defesa da cosmovisão marxista-leninista, terem no dia-a-dia um papel destacado nas lutas operárias e populares, na luta antimonopolista e anticapitalista, trabalharem para conquistar em todas as condições a ligação da luta diária com a luta pelo poder operário revolucionário.
O KKE desempenhou com grande sentido de responsabilidade internacionalista o principal papel para o começo dos Encontros Internacionais de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO), contribuiu para manter o seu caráter de espaço de encontro entre partidos comunistas, e contra as posições que apontam para a participação de formações social-democratas que se autoproclamam como «anti-imperialistas», de «esquerda», «progressistas».
Há já algum tempo que o nosso partido deixou claro que o que hoje importa é a essencial troca de opiniões nos EIPCO, a discussão e o debate ideológico e político sobre questões cruciais sobre a estratégia e a tática , tal como a atividade comum que podemos desenvolver para os interesses e os direitos da classe operária.
O KKE dedicará todas as suas forças nesta direção e, ao mesmo tempo, continuará juntamente com dezenas de partidos comunistas os esforços para a coordenação da sua atividade sob várias formas na Europa, nas Balcãs, nesta ampla região e apoiará também a importante decisão de formação da «Iniciativa Comunista Europeia» em que já participam um significativo número de partidos comunistas e operários da Europa e a publicação da «Revista Comunista Internacional» (RCI) que estuda questões teóricos atuais.